Hoje pela manhã, aguardava o reboque para pegar um “velho
companheiro” combalido como eu, quando fui surpreendido de forma providencial.
Tomava um café aguardando o esperado amigo, navegando pela internet, me
atualizando nas notícias, a televisão ligada falando ao infinito, e perdido em
meus pensamentos. Algumas notas num piano chamam minha atenção. Ana Maria Braga
entrevista o maravilhoso pianista e maestro João Carlos Martins.
Abaixo anexo a biografia desse grande brasileiro, retirada
do Wikipédia, a enciclopédia livre. Vale a leitura.
João Carlos
começou seus estudos ainda menino, no dia em que seu pai comprou um piano, com
a professora Aida de Vuono. Aos oito anos, seu pai o inscreveu em um concurso
para executar obras de Bach e ele venceu seu primeiro desafio de tantos outros
que estavam por vir. Começou a estudar no Liceu Pauster com 11 anos, já
estudava piano por seis horas diárias. Teve, no Liceu, aula com o maior
professor de piano da época, um russo radicado no Brasil, chamado Losé Kliass.
Sempre buscou a perfeição para se tornar um verdadeiro intérprete. Venceu o
concurso da Sociedade Brito São Petersburgo. Seus primeiros concertos trouxeram
a atenção de toda a crítica musical mundial. Foi escolhido no Festival Casals,
dentre inúmeros candidatos das três Américas para dar o Recital Prêmio em Washington.
Aos vinte anos estreou no Carnegie Hall, patrocinado por Eleonor Roosevelt.
Tocou com as maiores orquestras norte-americanas e gravou a obra completa de Bach
para piano. Foi ele quem inaugurou o Glenn Gould Memorial em Toronto no Canadá.
João Carlos
Martins viu-se por diversas vezes privado de seu contato com o piano, como
quando teve um nervo rompido e perdeu os movimentos da mão direita em um
acidente em um jogo de futebol em Nova Iorque.
Com vários
tratamentos, recuperou parte dos movimentos da mão, mas com o correr dos anos
desenvolveu a doença chamada Contratura de Dupuytren. Novamente teve que parar
de tocar, e dessa vez acreditou seria para sempre. Vendeu todos seus pianos e
tornou-se treinador de boxe, querendo estar o mais longe possível do que sua
carreira significava como músico. Mas sua incontrolável paixão o fez retornar,
e realizou grandes concertos, comprou novos instrumentos e tentou utilizar o
movimento de suas mãos criando um estilo único de tocar e aproveitar ao máximo
a beleza das peças clássicas. Utilizou-se da mão esquerda para suas peças e
obteve extremo sucesso com esta atitude.
Ao realizar
um concerto em Sofia na Bulgária, sofreu um ataque em um assalto, e um golpe na
cabeça lhe fez perder parte do movimento de mãos novamente. E ao se esforçar,
sofria dores intensas em suas mãos, principalmente na esquerda. Novamente
pensou que nunca mais voltaria a tocar. João perdeu anos de sua carreira em
tratamentos, treinamentos e encontrou novamente uma nova maneira de tocar, utilizando
os dedos que podia em cada mão, mas dia a dia podia tocar menos e menos com o
estilo e maestria de antigamente.
Essa paixão
de João Carlos pela música inspirou um documentário franco-alemão chamado Die
Martins Passion, vencedor de quatro festivais internacionais: FIPA d'Or 2004,
Banff Rockie Award 2004; Centaur com o melhor documentário de longa-metragem,
S. Petersburgo; Best Documentary Award, Pocono Mountains Film Festival, USA. O
documentário franco-alemão sobre a sua vida: "Paixão Segundo Martins",
já foi visto por mais de um milhão e meio de pessoas na Europa. Também já foi
exibido, em algumas oportunidades, na televisão aberta no Brasil. Na TV
Cultura.
“Eu estava
sem rumo, em 2003, já sabendo que não poderia mais tocar nem com a mão
esquerda. Sonhei então, que estava tocando piano, com o Eleazar de Carvalho, que
me dizia: “- Vem para cá, que eu vou te ensinar a reger.”, palavras de João
Carlos em uma entrevista.
Em maio de
2004, esteve em Londres regendo a English Chamber Orchestra, uma das maiores
orquestras de câmara do mundo, numa gravação dos seis Concertos
Branndenburguenses de Johann Sebastian Bach e, já em dezembro, realizou a
gravação das Quatro Suites Orquestrais de Bach com a Bachiana Chamber
Orchestra. Os dois primeiros CDs já foram lançados (lançamento internacional).
Incapaz de
segurar a batuta ou virar as páginas das partituras dos concertos, João Carlos
faz um trabalho minucioso de memorizar nota por nota, demonstrando ainda mais
seu perfeccionismo e dedicação ao mundo da música.
João Carlos
realiza também, na Faculdade de Música da FAAM, um programa de introdução à
música com jovens carentes.
A atuação de
resgatar a música para as pessoas que conhecem ou ainda nunca tiveram contato
com ela, faz parte deste "momento mágico" em que vive o maestro João
Carlos Martins. Trabalha diariamente com pessoas de todas as camadas por querer
mostrar que realmente "A música venceu!". E consegue.
É irmão do
jurista Ives Gandra da Silva Martins e do pianista José Eduardo Martins.
Em fevereiro
de 2004 o crítico inglês descreve na International Piano Magazine um episódio
pitoresco que aconteceu na vida de João Carlos Martins, quando após um recital
no Carnegie Hall, no final dos anos 60, recebeu uma recomendação de Salvador
Dalí: "Diga a todos que você é o maior intérprete de Bach, algum dia vão
acreditar. Faz muitos anos que digo ser o maior pintor do mundo e já há gente
que acredita". O crítico termina dizendo que João Carlos Martins não teve
que esperar tanto tempo.
Recentemente,
a TV Cultura exibiu o Roda Vida ao vivo com o Maestro, o qual entre tantas
partes emocionantes, também utilizou um piano digital para algumas
demonstrações.
Em 14 de maio
de 2010, após último capítulo da novela Viver a Vida na Rede Globo, é
apresentado o depoimento emocionante de João Carlos Martins. O depoimento
ganhou grande destaque na internet, principalmente no site de relacionamento
Twitter. "Viver a Vida teve um 'gran finale'. João Carlos Martins fechou a
novela com chave de ouro. Mostrou mesmo o que é superação", diz um dos
comentários.
É torcedor
fanático da Associação Portuguesa de Desportos, tendo tocado o hino nacional
brasileiro, no último jogo da temporada de 2007 no estádio Dr. Oswaldo Teixeira
Duarte lotado, fato considerado por muitos o momento mais emocionante do
Campeonato Brasileiro da Série B de 2007.
Foi
homenageado pela escola de samba paulistana Vai Vai com o enredo "A Música
Venceu", tendo o maestro como destaque no último carro e em alguns
momentos do desfile "regendo" a bateria da agremiação. A escola se
tornaria campeã do carnaval desse ano.
Esse brasileiro nascido
paulistano, em 25 de junho de 1940, canceriano, trás, não uma suave brisa de
esperança nesse inóspito ambiente de falcatruas, inoperâncias, endeusamento de
criaturas inescrupulosas, corruptos e corruptores que viram celebridades, seres
que se perpetuam no poder sugando de forma parasitária a energia conseguida com
o esforço e o sacrifício de tantos brasileiros decentes e trabalhadores.O talento existe, exemplos incontestáveis de valor nacidos em nosso solo estão por aí, muitos desses exemplos anônimos, infelizmente.
O Maestro João Carlos Martins tem o poder de, com a sua
história de vida, provocar um verdadeiro furacão de esperança renovada. Sua
trajetória mostra que tudo é possível. Através da perseverança, da força de
vontade tudo é permitido naquele que nos fortalece. Que a acomodação e o
conformismo na manutenção de situações adversas não são boas conselheiras.
Analisando a biografia acima, vemos que “O Maestro da Vida”,
buscou em projetos alternativos, a compensação na busca de motivação
complementar de tudo que viveu. Sua “angelical maldade” se concretiza em levar
às lágrimas de emoção, não de tristeza, nem de compaixão, pessoas com a
sensibilidade de reconhecer em sua trajetória a presença de valores que jamais
deveriam ser esquecidos.
Quem não viu a entrevista, procure ter acesso a ela. Vai Te
fazer muito bem!