Entrevistas

GEORGE CÂMARA

Um vereador diferenciado na Câmara de Natal. 


George nasceu em Parazinho, localidade de João Câmara/RN no dia 30 de setembro de 1959. Aos 52 anos é advogado formado pela UFRN, Técnico em Mineração pela ETFRN (IFRN), Especialista e Gestão Pública pela UFRN, petroleiro, diretor licenciado do Sindicato dos Petroleiros do Rio Grande do Norte – Sindipetro/RN, além de vereador em Natal pelo PCdoB com dois mandatos.

Ingressou na atividade política ainda jovem, no movimento estudantil da UFRN, entre 1983 e 1984, como Diretor do Centro Acadêmico Amaro Cavalcante, do Curso de Direito. Nessa época conhece o PCdoB e ingressa no Partido para se incorporar à luta por democracia, contra a ditadura militar.

Foi eleito vereador em Natal, pela primeira vez em 2000, com 3.087 votos. Durante o período, George foi presidente do Parlamento Comum da Região Metropolitana de Natal, fórum político criado por iniciativa de sua autoria e que congrega os Municípios de Natal, Parnamirim, São Gonçalo do Amarante, Ceará-Mirim, Extremoz, Macaíba, Monte Alegre, Nísia Floresta, São José de Mipibu e Vera Cruz. George retomou a presidência do Parlamento durante seu segundo mandato (2008).

Entre 2004 e 2006, George coordenou, a convite do Governo do Estado, o Plano Estratégico de Desenvolvimento Sustentável da Região Metropolitana de Natal – PEDS, trabalho desenvolvido por Tânia Bacelar, Economista e professora do Departamento de Ciências Geográficas da UFPE e pela Cientista Social Maria do Livramento, Docente/UFRN e Doutora em Economia Urbana e Regional.
Em 2008, foi eleito vereador de Natal pela segunda vez com 4.450 votos e em 2010 recebeu o título de “Parlamentar do Ano” concedido pelo Comitê de Imprensa da Câmara Municipal.


Como anda a questão do PCdoB ter candidatura própria em Natal nas próximas eleições? Existe de fato essa possibilidade?

- O objetivo do PCdoB é o de lançar uma nominata própria com no mínimo 40 candidatos comunistas para disputar pelo menos 3 cadeiras na Câmara Municipal de Natal. O PCdoB conta atualmente apenas com o nosso mandato popular. Com o trabalho conjunto que vem sendo realizado pelo Comitê Municipal de Natal e com a aprovação da emenda constitucional que aumenta o número de vereadores em Natal de 21 para 29, o projeto é conseguirmos eleger 3 vereadores pelo partido.
Com relação à eleição majoritária, que envolve a disputa pela Prefeitura do Natal, o PCdoB defende a unidade das forças progressistas da cidade com o objetivo de reconquistar a Prefeitura e realinhar Natal nos trilhos do desenvolvimento. O PCdoB pode tanto lançar candidato próprio, quanto apoiar a candidatura de outro partido, desde que o mesmo faça parte da base aliada de apoio ao Governo Dilma. Neste leque incluem-se partidos como o PDT, PSB e PT que tem apresentado uma perspectiva de lançarem candidatos ao poder executivo na capital.

Qual a sua avaliação sobre o evento dos 10 Anos do Estatuto da Cidade realizado recentemente em Natal?

- O Seminário Dez Anos do Estatuto da Cidade - Desafios à Gestão Urbana e Metropolitana realizado em agosto pelo Parlamento Comum da Região Metropolitana de Natal, foi super importante, pois reuniu 3 esferas interessadas em discutir um assunto complexo e ao mesmo tempo fundamental para o desenvolvimento da nossa metrópole que é a aplicação das ferramentas deste estatuto em nossas cidades. Na oportunidade, população, técnicos e gestores discutiram os avanços nas trajetórias recentes de implementação do Estatuto da Cidade e as perspectivas para o fortalecimento do planejamento e da gestão urbana na Região Metropolitana.

Você acredita que tenha tocado aos municípios, através dos Executivos e das Câmaras Municipais que integram a Grande Natal, para a importância de um trabalho conjunto nas diversas áreas de responsabilidade comum?

- Embora tenhamos dificuldades na implementação destas políticas comuns aos municípios, as cidades da Grande Natal tem percebido a importância da promoção de um debate que contemple uma análise sobre o espaço urbano desta metrópole em formação. É do interesse e depende das cidades da metrópole discutir e achar soluções para os entraves comuns às temáticas sociais e urbanas como o direito à moradia, transporte, saneamento básico, acesso aos serviços básicos de educação, saúde, cultura e lazer. 

O que poderia destacar como de maior relevância ocorrida nesse encontro?

- Este seminário reuniu instâncias executivas, legislativas e judiciárias do poder público, mas também diversos grupos da sociedade civil, ajudando a fornecer opiniões diferentes de como a metrópole natalense se apresenta no quesito do planejamento urbano. 

O seminário auxiliou também a disseminar informações de conteúdo nacional sobre a gestão e a luta pela reforma urbana. Todas as discussões são importantes, contudo posso destacar o debate de entidades sociais e populares sobre a participação popular e o controle social realizado no último dia de seminário. É interessante, pois o Estatuto das Cidades está aí para isso: desenvolver mecanismos que ajudem na participação da sociedade na escolha de medidas que contemplem o desenvolvimento da metrópole de maneira correta e igualitária. Sem o controle social não podemos avançar nesse debate.

Quais os passos seguintes para a efetiva concretização dos assuntos discutidos?

- Os passos são constantes e não podem parar. É fundamental cobrar dos nossos gestores a implementação do Estatuto da Cidade e de seus mecanismos de controle social. O Estatuto da Cidade é essencial para proporcionar às pessoas um maior acesso a terra urbanizada, diminuindo a especulação imobiliária e, consequentemente, a exclusão social.

Em relação a Natal, mais especificamente a sua atuação parlamentar, existe algum projeto seu discutido atualmente que levam em conta obras estruturantes visando a Copa do Mundo?

- O trabalho parlamentar de um vereador destina-se absolutamente à fiscalizar a prefeitura e a produzir leis que sirvam ao interesse da sociedade. As obras estruturantes para a Copa são realizadas por competência da prefeitura, cabendo aos vereadores aprovar ou não o orçamento sugerido pelo executivo através da LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias).

Dessa forma não há como propormos a realização de alguma obra estruturante. Nossa atuação parlamentar na Câmara Municipal de Natal esta alicerçada em três pilares: produção legislativa voltada para os interesses da maioria da população natalense; fiscalização do Poder Executivo, acompanhando a correta aplicação dos recursos gerenciados pela prefeitura; e participação popular através da “Rede da Cidadania”, onde a sociedade é chamada a participar da construção do Mandato. 

Com relação a produção legislativa, podemos citar o projeto de lei nº 231/2010 de nossa autoria, que proíbe a nomeação de cargos comissionados em todos os escalões e órgãos da administração direta e indireta do município no âmbito do Poder Executivo e Legislativo que tenham sido condenados em casos de corrupção. 

A proposta, que ainda tramita nas comissões da Câmara dos Vereadores, estabelece que sejam utilizados como padrão, os preceitos constantes na Lei Federal nº 135/2010, também denominada “Lei Ficha Limpa”.
O projeto exige a apresentação de certidões negativas da justiça federal, estadual e eleitoral no ato de posse do pretendente a ocupar o cargo comissionado. A ideia é estimular à ética e a moralização na administração pública, pois auxilia no combate à corrupção, essa grande chaga que corrói o poder público, em todas as esferas de gestão.

Qual a importância da Copa do Mundo para Natal como agente catalizador de progresso? Ela trará mais benefícios ou transtornos para a população?

- De forma geral, a Copa com certeza trará mais benefícios que transtornos à população. Poderemos dar um salto de qualidade se nossos gestores operarem de forma correta os investimentos que serão disponibilizados para as obras estruturantes da cidade. Projetos de mobilidade urbana, transporte, saneamento básico, segurança e saúde podem avançar significativamente nestes próximos anos. Basta que nossos gestores não deixem escapar essa oportunidade e a população esteja atenta à aplicação correta destes recursos.

Era o momento de ter um evento dessa envergadura, sabedores que somos de tantos problemas nas áreas da saúde, segurança, educação, transporte e outras mais?

- Temos muitos problemas nessas áreas mencionadas e com certeza poderíamos estar mais bem preparados até para desenvolvermos esses novos desafios. Contudo devo repetir que nossa metrópole pode a partir desse grande evento dar um salto de qualidade no desenvolvimento destas áreas.

Não lhe preocupa o fato que através do Governo Federal, haver sido aprovado sigilo quanto à custa encobrindo a prestação de contas dessas obras em nome de uma maior velocidade de entrega das mesmas?

- É preocupante sim. Esse sigilo se deve ao prazo que as obras devem ser entregues por imposições que a FIFA tem colocado ao governo brasileiro. Se de fato deve vir a ocorrer, o que nos resta é estarmos atentos para cobrar e denunciar possíveis desvios que venham a ocorrer. A população pode contar com o Ministério Público e a OAB para ajudar nas fiscalizações, investigações e possíveis punições aos corruptos

 Qual a sua avalição do Governo do Estado e do Governo Municipal de Natal?

- O governo de Micarla passa por uma crise interminável desde que assumiu a prefeitura. Não é preciso reafirmar o que os natalenses têm observado cotidianamente. Nossa cidade está abandonada, sem administração, entregue aos interesses de poucos, sob a subserviência da prefeita que tenta administrar e entregar o setor público ao privado. 

Áreas como saúde, educação e obras públicas são as mais prejudicadas. Não é preciso ser um bom observador para perceber que nossa cidade está entregue ao lixo e aos buracos. O governo Rosalba não disse até agora a que veio. Não vi ainda nenhuma obra estruturante, muito menos ações de interesse social. Ao contrário, temos visto greves e o descontentamento da sociedade. Em comum com a prefeita Micarla, o atraso e o conservadorismo dos setores que a cercam e auxiliam além de observarmos que Rosalba tem governado com o “olho no retrovisor”, ou seja não fez nada até agora e continua (assim como Micarla) a colocar a culpa no seu antecessor.

Uma mensagem de encerramento.
- Quero deixar uma saudação a todos os cidadãos que acompanham (ou não) nosso mandato afirmando que continuaremos a exercer um trabalho compromissado com a luta popular, em afinidade com os diversos setores sociais que a compõe em busca de realinhar Natal no trilho do desenvolvimento econômico e social.

 



GILDÁSIO FIGUEIREDO

Pré-candidato a prefeito de Parnamirim pelo PSDB (será que consegue se livrar do PSB?

  

Vereador com 5 mandatos consecutivos, professor, técnico em Meio Ambiente, casado, pai de 3 filhos. 

Vereador Gildásio, como está sua situação dentro do PSB de Marcia Maia (dona do partido em Parnamirim)? Vai sair ou não para concorrer à Prefeitura?

- Já saí do partido, fiz minha desfiliação e agora estou aguardando o prazo legal para me filiar ao PSDB. Agora estamos preparando um projeto de campanha para concorrer à Prefeitura em 2012.

Caso consiga, seu destino partidário será o PSDB?

 - Sim.

O conhecimento por parte de seus adversários políticos de seus objetivos poderá atrapalhar seus planos de sair do PSB? 

- Pode, pois na hora que o PSB não me liberou, vão querer tirar o meu mandato, pois sabem que pretendo concorrer a prefeito na oposição, diferente do atual posicionamento do partido. Em Parnamirim quem foi incoerente foi o PSB, que assumiu uma posição em 2008 e agora assume outra completamente diferente, sem nenhuma discursão interna com os filiados.

Como pretende conduzir sua campanha em direção ao Executivo Municipal? 

- Irei tentar unir a oposição para formar uma frente que irá concorrer a prefeito em 2012.

Sua postura de vereador sempre foi de fortalecimento do Legislativo. Não lhe causa espécie conviver num ambiente político submisso ao prefeito, segundo sua opinião?
 
- Isso realmente é uma coisa que me incomoda bastante, pois o poder legislativo poderia ser mais independente, assumindo o seu verdadeiro papel, que é de fiscalizar, denunciar e cobrar as faltas cometidas pelo executivo.
Quais os maiores problemas de Parnamirim que tem que ser atacado de imediato?  

- Parnamirim tem que resolver a questão do trânsito, tem que preparar o município para auxiliar o Estado na segurança pública, melhorar a estrutura da saúde do município, resolvendo algumas questões, como por exemplo, construção do pronto socorro municipal, construindo um espaço para se fazer a internação das crianças.

Em relação à educação temos que iniciar um projeto para as escolas terem tempo integral, dotando as escolas de espaço onde se tenha atividades esportivas, culturais, reforço escolar e a interação com a família.

Falta dinheiro para administrar bem o município ou o maior problema é ter dinheiro demais? 

- A questão não é a falta de dinheiro, sabemos que os recursos nunca são suficientes, porém o que ocorre é uma má aplicação.

O que poderia ser feito para inovar a administração da cidade? Pode contar ou vai aguardar para divulgar na campanha? 

- Com relação a qualquer pessoa que quiser administrar o município, tem que se preparar um plano de governo, onde possam ser contemplado aquelas obrigações constitucionais, como também, novas alternativas para melhorias do nosso município.

A grande queixa da população consultada por nós é a baixa qualidade do secretariado de Maurício Marques, sem qualificação, salvo raras exceções. Faltam quadros em Parnamirim para compor um bom secretariado? 

- Não, falta não, Parnamirim tem pessoas capazes, que tem condições de assumir qualquer pasta, basta identifica-los e colocar a pessoa certa no lugar certo. O que não pode acontecer é que o secretariado venha ser escolhido apenas por amizade pessoal ou troca de favores políticos.

Será difícil enfrentar a máquina administrativa e com o possível reforço do deputado estadual Agnelo Alves? 

- Campanha é difícil, não existe campanha fácil, agora não existe campanha ganha e muito menos perdida, o que deve ser feito é levar para a população uma mensagem que ela possa entender e ter confiança em quem esteja levando.

Você acredita que Agnelo Alves não vai ser candidato a prefeito em Parnamirim? 

- Não sei, pergunte a ele (risos)...

Gildásio, se a opção é votar em paraibano, que votem em você?

- (Risos) Não é ser paraibano, nem ser potiguar, devemos votar em quem apresentar o melhor projeto para o município.

Como você analisa os demais pré-candidatos apresentados até agora (Gilson Moura e Walter Fernandes)? 

- Quem tem que avaliar é a população, mas acredito que todos são capazes.

Deixe uma mensagem ao povo de Parnamirim.

- Antes de se decidir o voto para qualquer que seja o candidato, faça uma avaliação da vida pessoal e pública de cada candidato, avaliando nessas pessoas a questão da honestidade, capacidade de trabalho, cuidado com o município.